|
|
Festas
Festival
Folclórico
e Festas de Agosto
de 2006
movimentam Montes
Claros
Milhares
de pessoas participam,
desde a última
quarta-feira (16),
das tradicionais
Festas de Agosto
e do 28° Festival
Folclórico
de Montes Claros,
realizados, paralelamente,
na Praça
da Matriz. Até
o próximo
domingo (20),
as manifestações
religiosa e cultural
estarão
nas ruas, com
os cotejos de
Nossa Senhora
do Rosário,
de São
Benedito e do
Divino Espírito
Santo. Na programação
do Festival Folclórico,
shows, oficinas
e palestras, todos
com entrada gratuita.
Durante
cinco dias, de
16 a 20, Montes
Claros vive ao
ritmo dos Catopês,
Marujos e Caboclinhos,
nas tradicionais
Festas de Agosto,
evento que se
repete há
mais de 160 anos
na cidade. Durante
cinco dias, os
reinados de Nossa
Senhora do Rosário,
de São
Benedito e do
Divino Espírito
Santo tomam conta
das ruas, com
as cores azul,
rosa e vermelho.
Na primeira noite
do evento, quarta-feira,
houve o levantamento
do mastro de Nossa
Senhora do Rosário,
na Igrejinha do
Rosário,
cujos mordomos
são Luciene
Pimenta Borges
e o Mestre Zanza
e família.
Em seguida, o
grupo seguiu em
apresentação
até a Praça
da Matriz.
Na manhã
de quinta-feira
(17) o cortejo
de Nossa Senhora
do Rosário
percorreu as principais
ruas da cidade,
até a Igrejinha
do Rosário.
À noite,
houve o levantamento
do mastro de São
Benedito, também
na Igrejinha do
Rosário.
Os mordomos são:
Letícia
Cristina de Araújo
Mello e família.
No dia 18, pela
manhã,
foi a vez da cor
rosa invadir a
cidade, com o
reinado de São
Benedito, no cortejo
que saiu do Automóvel
Clube. À
noite, tem levantamento
do mastro do Divino
Espírito
Santo, a partir
das 20:30 horas,
na Igrejinha do
Rosário.
No sábado
(19), é
a vez do vermelho
do império
do Divino Espírito
Santo colorir
as ruas. O império
sai também
do Automóvel
Clube a partir
das 10:00 horas
da manhã.
A festeira do
Divino é
Walquiria Braga
Guimarães.
Já no domingo
(20), haverá
o Encontro de
Ternos de Congados,
na sede da Associação
dos Catopês,
Marujos e Caboclinhos,
no bairro Morrinhos.
À tarde,
a partir das 16:00
horas, terá
o cortejo de encerramento
das Festas de
Agosto, com a
participação
dos grupos de
Montes Claros,
dos três
reinados e grupos
visitantes. O
cortejo sai da
Praça da
Matriz, percorre
ruas do centro
da cidade e termina
na Igrejinha do
Rosário.
Renato
Borghetti, Marlui
Miranda e Quinteto
Violado são
algumas das atrações
musicais do 28°
Festival Folclórico,
que começou
na última
quarta-feira,
com apresentações
do músico
Maurício
Tizumba, de Belo
Horizonte; do
grupo Tambolelê,
também
da capital; e
do Terno de Congado
de Raposo. Na
arena, participação
do Terno Mirim
de Folia de Reis
Estrela do Oriente,
de Montes Claros;
Grupo de Senhoras
de Mocambo, do
município
de São
Francisco; Maculelê
– Academia de
capoeira Berimbau
de Ouro, de Montes
Claros; e Comunidade
Quilombola Buriti
de Ouro, de São
Francisco.
No dia 17, quinta-feira,
se apresentaram
Itibirê
Orquestra Família,
do Rio de Janeiro,
Iracema Reis,
Fabiana Lima e
Bruno Andrade,
e Leo Lopes e
Carlos Soyer,
todos de Montes
Claros. Na arena,
apresentações
dos grupos Batuque
Gorutubano – Comunidade
Quilombola Picada,
de Janaúba;
Trança
de Fitas, de Itacarambi;
Batuque dos Crioulos,
de São
João da
ponte; e Reis
de Caixa, de Bonito
de Minas.
Nesta sexta-feira
(18), é
a vez do grupo
pernambucano Quinteto
Violado - conjunto
instrumental e
vocal, criado
no Recife, em
1970. O grupo
se caracteriza
pela interpretação
de músicas
nordestinas e
pesquisas sobre
o folclore brasileiro.
No mesmo dia,
Montes Claros
também
recebe a artista
Marlui Miranda.
Mais aclamada
e reconhecida
performista e
pesquisadora da
música
indígena
no Brasil, ela
pesquisa e resgata
cantos e músicas
de várias
nações
indígenas
brasileiras, como
os Yanomani, Suyá,
Tukano, Kaiapó,
Juruna e Tupari.
Ainda no palco,
Ibirapitanga e
Projeto Quatro
Cantos, de Montes
Claros. Na arena,
Grupo RGR, de
Jequitibá;
Fogão da
Jia e Saia Dourada,
de Montes Claros;
Batuque de Quilombolas
de São
Geraldo, do município
de Coração
de Jesus; e Batuque
da Comunidade
de Quilombolas
Maravilha, de
Catuti.
No sábado
(19), é
a vez de Anthonio
e Camdombe, de
Belo Horizonte,
se apresentar
no palco. Dono
de uma grande
musicalidade,
Anthonio é
cantor, compositor
e congadeiro.
Nascido em Divinópolis,
faz em Camdombr
System, seu novo
CD, um trabalho
de refletir o
cotidiano. Também
no palco se apresentam
Elomar, de Salvador
/ BA, Elcio Lucas
e Ewany Borgese,
João Pedro
Nô e Capinense
Matheus, e Heber
Linconl, de Montes
Claros. Na arena,
Grupo Folclórico
de Pirapora; Roncoio
do Carneiro, de
Icaraí
de Minas; e Grupo
Garis de Ouro
e Sapateado Caipura,
ambos de Montes
Claros.
No domingo (20),
último
dia do Festival
e das Festas de
Agosto, o show
de encerramento
é com o
gaúcho
Renato Borghetti.
Desde o início
de sua carreira,
o artista conquistou
o público
em todo o país.
Borghetti revisita
e adapta diversos
e importantes
ritmos folclóricos
de sua terra,
o Rio Grande do
Sul. Além
de grande músico,
essa capacidade
de interpretar
e criar em cima
do tradicional
fez dele um grande
sucesso de trabalho
instrumental.
Também
se apresentam
no palco Eduardinho
da Sanfona e a
dupla Noeno da
Viola e Manoel,
de Montes Claros.
Já na arena,
haverá
apresentações
do Terno de Pastorinhas
Estrela Guia e
Folia do Senhor
Bom Jesus, de
Montes Claros,
além do
Reis dos Temerosos,
de Januária,
e Folia de Reis
e Chula, de Diamantina.
Bia
Andrade
A
festa de São
João
"A
pé-de-bode
abriu as asas
e cantou"
Para R.C.N
Eu vou contar
pra vocês
da festa de
São João,
a festa mais
animada
que existe lá
no sertão,
batuque forte
no peito
acende fogo
no chão.
A coisa do coração
unida à
religiosa,
em alegria e
fé
é rica
e prodigiosa,
e o poema é
dedicado
a uma mulher
que é
Rosa.
É contado
em verso e prosa
que quando João
nasceu
logo sua mãe
cumprindo
aquilo que prometeu,
para avisar
a Maria
uma fogueira
acendeu.
Então
a prima entendeu
que um milagre
acontecia
pois a idade
de Isabel
ter filhos não
permitia,
logo depois
o milagre
veio pra Virgem
Maria.
Há tempos
já se
sabia
cá no
hemisfério
austral
que a 23 de
junho
chega um vento
glacial
e se fazia a
fogueira
após
a colheita anual.
Nessa festança
ancestral
era a vida celebradam
dançavam
a noite inteira,
varavam a madrugada,
celebravam-se
matrimônios
nessa noite
iluminada.
E foi a festa
acoplada
ao calendário
cristão
quando os bravos
portugueses
chegaram a nosso
chão,
Deus e Vida
celebrados
na festa de
São João.
Por isso lá
no sertão
não pode
haver festa
igual,
o que se passa
no céu
de nosso hemisfério
austral
é o mesmo
que os do Norte
comemoram no
Natal.
E o leitor não
leve a mal
eu dizer uma
besteira,
mas pra mim
quem foi menino
e não
brincou na fogueira
vendo o céu
se iluminar,
perdeu a infância
inteira.
E ali é
mais verdadeira
a celebração
do amor,
a colheita já
foi feita
porque o milho
deu flor,
o frio aproxima
os corpos
à procura
de calor.
E a festa tem
mais valor
se a cidade
é pequena
pois a tradição
rural
é a verdade
da cena,
do São
João
comercial
olho assim e
tenho pena.
Pois agora a
minha pena
vai descrever,
em poesia,
o que ficou
na memória
do que os olhos
viram um dia
nas festas de
São João
que fui em Santa
Luzia.
O velho Mané
de Bia
cantava coco
na praça,
descia o Talhado
inteiro
para a mistura
da raça,
as moças
da capital
traziam beleza
e graça.
Por pouco não
se desgraça
mais de um bom
casamento,
houve muita
gente boa
que quebrou
o juramento
e quis fugir
com uma bela,
doido de contentamento.
Matuto deu passamento
quando a tarde
chegou
trazendo as
muitas musas
que o Olimpo
mandou
para encantar
seus olhos
com as imagens
que sonhou.
O pau lá
nunca baixou,
ou seja: nunca
houve briga;
decerto alguns
molecotes
desses que procuram
intriga
se agarraram
uns com os outros,
mas pra isso
ninguém
liga.
Em uma Quadrilha
amiga
não me
recuso a entrar,
todos os passos
da dança
digo que não
sei puxar
mas Casamento
Matuto
juro que sei
celebrar.
Estando o povo
a dançar
chega o grande
momento,
os noivos e
juiz e padre
dão início
ao casamento,
discursos amatutados
falam em chifre
e corrimento.
Quem recebe
o sacramento
ganha um nome
que iluda
e sobrenomes
bem dúbios
qual Rêgo,
Manso ou Rabuda,
e a noiva sempre
é donzela,
embora esteja
buchuda.
É grande
o deus nos acuda
se alguém
se recusar
a celebrar o
casório
ou ao menos
demorar:
sai bala e puxam
peixeira
ali mesmo no
altar.
Volta a sanfona
a reinar
no animado forró,
dança
a bela e o cachaceiro,
a letrada e
o brocoió,
muita gente
faz promessa
pra sair do
caritó.
Só pára
o forrobodó
pra se acender
a fogueira,
corre logo a
molecada
toda animada
e faceira
porque sabe
que agora
sobem fogos
noite inteira.
Tem vulcão
e tem roqueira,
tem bomba e
tem chuveirinho,
tem belas gotas
no céu,
tem bola doida
e chumbinho,
e até
quem já
é velho
fica bem pequenininho.
Eu relembro
com carinho
dos amores do
sertão,
e se decerto
alguém
ler tais versos
com emoção,
saiba que nunca
esqueci
dos beijos que
recebi
nas noites de
São João.
|
|
|
|
|
|
|